ALGUNS CONCEITOS DE CURRÍCULO NO DECORRER DA HISTÓRIA

 Olá pessoal, tudo bem com vocês? Espero que estejam bem. 

Antes de começar trago para vocês a ideia de currículo trazida pelos colegas da turma da disciplina de Recursos Digitais Educacionais, estes que deram suas concepções através de palavras.


Imagem 01 - Nuvem de palavras: Qual a primeira palavra que vem em sua mente quando pensa na definição de Currículo?



Fonte: arquivo pessoal do autor, 2024.


O texto “Integração de currículo e tecnologias: a emergência de web currículo” escrito por Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida, nos traz uma reflexão acerca da emergência do web currículo em nossa sociedade, bem como este vem sendo inserido em escolas do Brasil e de Portugal. Durante a leitura percebi que a autora traz uma breve definição do que é currículo, bem como do que é web currículo e, a partir desta, senti a necessidade de me aprofundar mais na origem deste termo bem como em seus significados no decorrer da história, além disso, também me surgiu a vontade de inquietar vocês a refletirem um pouco mais sobre a temática.

Para que possamos entender o que é o web currículo, precisamos compreender a definição de ‘Currículo’. Portanto, nesta postagem, eu trago para vocês um pouco do contexto histórico de como este termo foi conceituado com o passar das décadas.

O termo currículo tem origem no latim curricullum, o qual significa “corrida”, “caminhada”, “jornada”, termos estes que podem ser tranquilamente relacionados à nossa trajetória escolar, desde a educação básica, até o ensino superior.

As primeiras concepções de currículo datam da Europa Medieval, onde este era visto como uma série de matérias e conteúdos ou como uma série de conteúdos que era visto na escola. Porém, esta concepção começou a ser alterada no fim do século XIX, quando John Dewey criou um laboratório na Universidade de Chicago, com o jericó de demonstrar que as crianças aprendem melhor através das experiências do que por meio de atitudes passivas. Esta concepção de Dewey não foi levada muito a sério pelos estudiosos da época, sendo considerada apenas na década de 30.

O valor do currículo está na possibilidade de mostrar ao mestre os caminhos abertos à criança para o verdadeiro, o belo e o bom, permitindo a esse mestre, determinar o ambiente, o meio necessário para o desenvolvimento do educando e, assim, dirigir indiretamente a sua atividade mental, porquanto, segundo ele, tudo se resume na atividade em que entra a inteligência reagindo ao que lhe é externamente apresentado (DEWEY, 1959, p. 80).


Durante o século XX o currículo passou a ser visto com outros olhos, em determinados momentos os estudiosos davam ênfase nos objetivos de ensino, ora estes davam ênfase no exercício como forma de aprendizagem. Em meados da década de 30, Caswell e Campbell (1935) conceituam o currículo como “experiência dizendo que o currículo escolar abrange todas as experiências do aluno sob orientação do professor”.

Em 1950, Caswell amplia a sua primeira definição de currículo, trazendo que “o currículo é tudo o que acontece na vida de uma criança, na vida de seus pais, e de seus professores. Tudo o que cerca o aluno, em todas as horas do dia, constitui matéria para o currículo. Na verdade, o currículo tem sido definido como ‘O AMBIENTE EM AÇÃO’.” Sendo assim, para esses autores, o currículo abrange toda a vida do aluno, tanto na escola, como no lar e na comunidade.

Indo mais adiante, vemos uma nova formulação do conceito de currículo, em 1953; pouco tempo após a ampliação da ideia de Caswell, William Ragan descreve o currículo como um recurso instrumental, que consiste em experiências por meio das quais as crianças atingem a auto-realização, ao mesmo tempo em que aprendem a contribuir para a construção de melhores comunidades [...]” (RAGAN, 1973, p. 23). 

Ainda na década de 50 Edward Krug definiu o currículo como “todos os meios empregados pela escola a fim de prover aos estudantes oportunidades desejáveis de aprendizagem” (TRALDI, 1984, p.35), dando uma restrição a utilização deste somente no âmbito escolar. 

Nas décadas seguintes autores como Traldi (1984), Berman (1975) vão discutir o currículo como algo político. Levando em consideração esta concepção política de currículo, em 1995, James MacDonald, coloca que 

O parâmetro principal do currículo não é o aluno, nem a sociedade, nem a herança cultural, mas o processo político de escolaridade. Assim, pretendo dizer que o processo político é a rede de estruturas, papéis, normas e relações interpessoais que operam no processo de escolaridade (MACDONALD, 1995, p.13).


Para MacDonald o currículo é um espaço público onde diversas perspectivas podem ser inseridas no processo de ensino e aprendizagem. Em contrapartida as ideias colocadas pelos autores citados anteriormente, no ano de 1997 Ulf Lundgren nos apresenta a seguinte definição de currículo 


Defino currículo como uma solução necessária ao problema de representação e o problema da representação como o objeto do discurso pedagógico. O objeto do discurso coloca-se como um domínio do pensamento e da construção de realidades sociais quando a produção social e a reprodução se separam entre si (LUNDGREN, 1997, p.22) 

Independente dos conceitos o currículo aborda em seu contexto aspectos sociais, políticos, históricos e culturais da sociedade em que vivemos e, como percebemos nas mais diversas concepções trazidas dentro deste pequeno texto o conceito de Currículo sofreu consideráveis modificações no decorrer da história. Espero que este texto contribua com o aprofundamento de seus estudos.


Referências bibliográficas

BERMAN, Louis. Novas prioridades para o currículo. Rio de Janeiro: Lidador, 1975.


DEWEY, John. Vida e Educação. São Paulo: Nacional, 1959. Tradução de: The child and the curriculum


LIMA CAMPOS, D.; CONSTANTINO BRITO DA SILVA, S. O CONCEITO DE CURRÍCULO: um breve histórico das mudanças no enfoque das linhas curriculares. Igapó, [S. l.], v. 3, n. 1, 2022. Disponível em: https://igapo.ifam.edu.br/index.php/igapo/article/view/30. Acesso em: 2 abr. 2024.


LUNDGREN, Ulf. Teoria del curriculum y escolarización. 2 ed., Madrid: Morata, 1997.


MACDONALD, James B. Curriculum as political process. In: MACDONALD, B. (ed.). Theory as a prayerful act. New York: Peter Lang, 1995, p.149-152.


RAGAN, William R. Currículo primário moderno. Tradução: Ruth Cabral. Porto Alegre: Globo, 1973. Tradução de: Modern Elementary Curriculum.


TRALDI, Lady Lina. Currículo: conceituação e implicações, metodologia de avaliação, teoria e prática, formas de organização, supervisão. 2 ed., São Paulo: Atlas, 1984.


Comentários

  1. Muito bom, Wilker, a ideia de apresentar um pouco do contexto histórico!! Parabéns!!

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    1. É importante que visitemos alguns conceitos anteriores. A disciplina de Currículo deixou algumas lacunas que eu acabei deixando abertas com o passar do tempo. Mas agora eu fechei estas danadas. Muito obrigado por acompanhar as postagens aqui no blog! ☺️

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