EDUCAÇÃO HÍBRIDA
A Educação Híbrida
representa um avanço significativo no cenário educacional, especialmente no
contexto da formação crítica e reflexiva dos alunos, apesar de muitas vezes ser
considerada desnecessária por alguns setores. No Brasil, é comum que as instituições
ainda adotem um ensino tradicionalista, caracterizado pela centralização do
conhecimento no professor. No entanto, a educação híbrida, mesmo sendo uma
realidade ainda distante para muitos docentes, têm apresentado resultados
positivos, conforme diversas pesquisas no campo educacional.
O conceito de
"híbrido" pode ser entendido como algo "misturado, mesclado,
blended" (Bacich; Tanzi Neto; E Trevisani, 2015, p. 41). Historicamente, a
educação sempre foi híbrida, misturando tempos, espaços, metodologias e
públicos. Atualmente, as tecnologias digitais acrescentam uma nova dimensão a
esse hibridismo, integrando atividades presenciais e virtuais, e misturando
saberes e valores de diversas áreas do conhecimento. Essa integração envolve
metodologias variadas, como desafios, atividades colaborativas e individuais,
além de projetos e games, que contribuem para a personalização e autonomia do
aprendizado.
Para os autores Bacich,
Tanzi Neto e Trevisiani (2015), a educação híbrida vai além da simples
combinação de métodos, espaços e públicos. Ela se destaca pelas múltiplas
oportunidades que oferece para ensinar e aprender, onde o aluno assume o
protagonismo, enquanto o professor atua como mediador do conhecimento. Esse
cenário contrasta com a escola tradicional, descrita por Paulo Freire como
"escola bancária", onde o professor é o único detentor do saber, e os
alunos, muitas vezes, limitam-se a memorizar o conteúdo para as avaliações, sem
uma real assimilação.
A inserção de tecnologias nos ambientes escolares trouxe novos desafios para os professores, que precisam se desvincular dos métodos tradicionalistas para proporcionar uma educação híbrida eficaz. No ensino híbrido, o aluno aprende parcialmente por meio de plataformas online, tendo controle sobre tempo, lugar, modo e ritmo de estudo, e parcialmente em um ambiente físico supervisionado. Essa combinação permite uma experiência educacional integrada e personalizada, onde o ritmo de aprendizagem é ajustado de acordo com as necessidades individuais de cada estudante (Christensen, Horn, Staker, 2013).
A educação híbrida também
se pauta em princípios que incentivam a autonomia dos estudantes, permitindo a
flexibilização do tempo e a escolha do melhor momento para realizar as
atividades propostas. A integração das tecnologias digitais ao ensino amplia as
possibilidades de aprendizado, e a utilização de plataformas virtuais permite
uma interação constante entre professores e alunos, além de facilitar a
obtenção de dados individualizados sobre o desempenho dos estudantes,
auxiliando na elaboração de estratégias pedagógicas personalizadas (Machado; Lupepso;
Jungnluth, 2017 apud Nolasco; Viana, 2023).
A pandemia da COVID-19
impulsionou a adoção da educação híbrida na Educação Básica, um campo onde
anteriormente a modalidade era pouco explorada. Durante esse período, alunos
que já tinham acesso a tecnologias digitais começaram a utilizá-las de maneira mais
sistemática nas aulas, o que destacou a importância de um compromisso coletivo
com a plena inclusão e a utilização ampliada dessas ferramentas no ambiente
escolar.
As Diretrizes Gerais
sobre Aprendizagem Híbrida enfatizam a necessidade de alinhamento às propostas
da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), para que a comunidade escolar,
especialmente na Educação Básica, possa explorar ao máximo as novas
perspectivas metodológicas, enriquecidas pelas tecnologias disponíveis (Brasil,
2021). Essas diretrizes ressaltam que o uso das tecnologias digitais faz parte
das Competências Gerais da BNCC, funcionando como um recurso transversal
essencial para alcançar uma aprendizagem significativa e completa.
Em suma, a educação
híbrida propõe uma ruptura com o modelo tradicionalista, colocando o aluno no
centro do processo de aprendizagem e utilizando as tecnologias digitais como
uma ferramenta poderosa para promover um ensino mais dinâmico, personalizado e conectado
com a realidade contemporânea.
Referências
BACICH, L.; TANZI NETO, A.; TREVISANI, F. M. (Org.). Ensino
híbrido: personalização e tecnologia na educação. Porto Alegre: Penso,
2015.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação (CNE). Diretrizes
gerais sobre a Aprendizagem Híbrida, 2021.
CHRISTENSEN, C. M; HORN M. B; STAKER, H. Ensino híbrido:
uma inovação disruptiva? Uma introdução à teoria dos híbridos. 2013.
NOLASCO, R. N.; VIANA, M. A. P. Ensino Híbrido: qual sua
importância para a educação brasileira?. In: VIANA, M. A. P.; MOURA, E. C. M.;
SANTANA, S. J. (Org.). Tecnologias Digitais e Práticas Pedagógicas na
Educação Superior. 1. ed. São Carlos: Pedro e João, 2023. p. 81 – 92.
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